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Conheça os bastidores da Campanha Escoteiros pelo Líbano

16 de fevereiro de 2022

Em agosto de 2020, duas explosões ocorreram em Beirute, capital do Líbano, na região portuária. Deixando centenas de mortos, milhares de desabrigados e mais de seis mil feridos.

O contexto, já agravado pelo cenário da pandemia de COVID-19, ocasionou na sobrecarga nos hospitais do país, tornando-os inoperantes.


Solidarizados pela situação que alastrou o país, os Escoteiros do Brasil, em conjunto com Consulado do Líbano, da Associação Filhos do Cedro, da Federação de Escoteiros do Líbano, e da Associação Les Scouts du Liban, realizaram a campanha “Escoteiros pelo Líbano”, com o propósito de arrecadar recursos financeiros, que foram revertidos em cestas básicas para colaborar com os milhares de desabrigados pelas explosões.

Os escoteiros libaneses foram para a linha de frente de apoio, por meio do fornecimento e preparo de alimentação, para voluntários que auxiliaram na revitalização da cidade cuidando e atendendo desabrigados e feridos.

Conversamos com o Chefe Nilvan Coutinho Xavier, membro do 126 Grupo de Escoteiros do Mar Phoenix e idealizador da Campanha Escoteiros pelo Líbano , sobre a mobilização em prol dessa causa. Veja abaixo:

Em 2016, estive no Líbano a bordo da Fragata Independência F-44, em missão de paz pela ONU, UNIFIL – X (United Nations Interim Force in Lebanon 10), ainda na ativa como fuzileiro naval como boina azul, patrulhamos por nove meses navegando nas águas do mar mediterrâneo. Desde que saí do Brasil, tinha planos de contatar os escoteiros dos países de todos os portos onde a FINDEP F-44 atracasse, com a finalidade de conhecer outros grupos promovendo um intercâmbio cultural

Devido ao apoio recebido pelo Centro Cultural do Movimento Escoteiro, essa ação foi possível em todas as zonas portuárias que cheguei, escoteiros aguardavam o meu desembarque. Fui acolhido por nossos irmãos de lenço, conheci cidades, monumentos, culinária, muitos distintivos, pins. Sem contar os bate papos, trocas de experiências e conhecimentos.

Chefe Nilvan Coutinho percorreu onze países.

Portos nacionais / Países Visitados (Ida e Volta):
Vitória/ES-Brasil, Natal/RN-Brasil, Praia–Cabo Verde, Las Palmas-Espanha, Toulon-França, Monaco-França, Beirute-Líbano, Limasol-Chipre, Mersin-Turquia, Doha-Qatar, Casablanca– Marrocos, Soliman-Tunísia, Lisboa-Portugal, Las Palmas-Espanha, Salvador-BA-Brasil, Rio de Janeiro-RJ-Brasil.

Quando cheguei ao Líbano, pude ter mais oportunidades de interação com os jovens, observei as campanhas financeiras que realizavam e patrulhamentos. Fiz diversos contatos com os chefes, acompanhei os protestos e petições que mobilizavam. Criamos vínculos de amizade.

Em 2020, após as duas explosões, me senti na obrigação de agir e estender a mãos aos irmãos libaneses e, por coincidência, a mesma fragata que eu estava há três anos, estava patrulhando o litoral libanês, novamente em missão de paz. Sendo assim, por conhecer muitos membros da guarnição, entrei em contato para saber das primeiras notícias sobre as condições do porto e a cidade para avaliar como e por onde poderia ajudar.

Após esse passo, conversei com Escritório Nacional dos Escoteiros do Brasil que me conectou aos responsáveis pela Campanha Escoteiros pela Ucrânia, movimento que uniu esforços de diferentes nações em prol de um objetivo humanitário. Comecei a entender e mensurar como poderíamos ajudar as vítimas do Líbano.

Elaboramos o projeto e recrutamos voluntários. Unimo-nos a autoridades, empresas e parceiros para comprarmos os alimentos, empacotarmos e despacharmos para o porto em Beirute. Além disso, realizamos em paralelo a campanha de recursos financeiros para conversão em mais cestas básicas e custeamento nas taxas alfandegárias, Exportação e translado.

O processo todo durou um ano e quatro meses, mas finalizamos a ação entregando nove toneladas de alimentos aos necessitados no Líbano!

Extrema importância. Tivemos mais de trinta pessoas na operacionalização da campanha, escoteiros e voluntários. Parceiros como a Klabin que, prontamente, nos ofertou o transporte dos possíveis donativos em território nacional, acendendo a chama de esperança em nossos corações. Atitudes como essa são enriquecedoras e nos trouxe a certeza de que estávamos no caminho certo.

Contamos com o apoio da Associação filhos do Cedro, Consulados do Líbano em São Paulo e Curitiba, Grupos Escoteiros Libaneses de São Paulo, Foz do Iguaçu e Curitiba, Comunidade Sírio-Libanesa do Brasil e todos os Grupos Escoteiros da União dos Escoteiros do Brasil.

Além do essencial apoio da Maersk que, gratuitamente, ofereceu um container de 40 pés para armazenamento e transporte dos donativos até o destino final . Por fim, recebemos auxílio da zona portuária em Beirute para receber os donativos, sem maiores entraves burocráticos.

Acredito nos princípios e valores idealizados por Baden Powell, nosso fundador, e tenho a minha promessa como filosofia de vida. Estarmos atentos e prontos para ajudar ao próximo dentro e fora de nossas fronteiras. Mantermos vivo o espírito do projeto de mensageiros da paz promovendo o intercâmbio cultural. Estamos presentes

Escoteiros do Brasil - Educação e lazer para crianças e jovens